quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Se não fosse

Se não fosse...
Se não fosse a duvida
Se não fosse a literatura
Se não fossem os risos nos corredores da faculdade
Se não fosse o choro da madrugada
Se não fossem muitos livros pra pouca estante
Se não fosse o Alto da Glória
Se não fosse Machado de Assis
Se não fosse o meu agosto
Se não fosse o setembro dele
Se não fosse o outubro nosso
Se não fosse a língua inglesa
Se não fossem os ipês amarelos de Rubem Alves
Se não fosse como 2 e 2 do Caetano
Nem as águas de março do Tom Jobim
Se não fossem as palavras expressando sentimentos
Se não fosse a proteção dos braços de alguém
Se não fosse o ciúme exacerbado
Se não fosse o amor agravado e o querer acentuado
Se não fossem os esmaltes escuros
Se não fosse a leveza das saias
Se não fossem as sapatilhas floridas
Se não fosse a parede vermelha do quarto
Se não fossem os Beatles e o Chico Buarque
Se não fossem os filmes preto e branco
Se não fossem os teatros da cidade
Se não fossem os domingos no parque
Se não fosse o sonho londrino
Se não fosse o sobrenome polonês
Se não fosse o amor pela estrada
Se não fosse o receio do mar
Se não fosse a preferência pelo inverno
Se não fosse a licença poética
Se não fossem os poemas de Drummond
Se não fosse Elephant Gun de Beirut
Se não fossem as indagações infinitas
Se não fosse o gostar daquela barba grisalha
Se não fosse o raio de sol
Se não fossem as pulseiras de barbante
Se não fossem os números romanos na nuca
Se não fosse a admiração por Bertolucci
Se não fossem os textos inacabados
Se não fossem as séries abandonadas
Se não fosse o baby da canção
Se não fosse o "eu estarei lá por você"
Se não fossem os pequis de Goiás
Se não fosse a crença no carpe diem
Se não fosse a saudade do ontem
Se não fosse o descolorir da aquarela
Se não fosse tudo imperfeito,

Nada disso seria eu.

f.

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